quinta-feira, março 09, 2006

Vais ter de olhar para o que vês. Mas vais ter de olhar absolutamente. Vais tentar olhar até ao apagamento do teu olhar, até à sua própria cegueira, e através dela deves continuar a tentar olhar. Até ao fim.

Perguntas-me: olhar o quê?
E eu digo, bem, digo o mar, sim, essa palavra, à tua frente, essas paredes à frente do mar, esses desaparecimentos sucessivos, esse cão, esse litoral, essa ave sob o vento atlântico.

Marguerite Duras, Textos
Secretos.

2 comentários:

Papo-seco disse...

Exactamente aquilo que diferencia as pessoas dos animais, e aquilo que as pessoas muitas vezes se esquecem de fazer

E tanto que se pode falar com o olhar, mesmo em monólogo

Anónimo disse...

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quando as tempestades eram fortes, em certas noites, ouvia-se claramente o assalto das ondas contra a parede do quarto e a rebentação através das palavras.
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se eu fosse escritora, quereria ser a marguerite duras.
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